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Proposta de bancos a aéreas é iminente

Fonte: Valor Econômico (14 de maio de 2020)

As três grandes companhias aéreas do país – Gol, Latam e Azul – ainda esperavam ontem receber a proposta do sindicato de bancos com os detalhes do apoio financeiro ao setor. O Valor apurou que é iminente a entrega da proposta pelo sindicato de bancos comerciais, liderado pelo Bradesco, pelo lado privado, e que conta ainda com participação do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). Havia previsão que o documento fosse apresentado às empresas na segunda-feira, mas pendências entre os bancos atrasaram o processo.
 
Ontem no começo da noite ainda havia expectativa na indústria aérea nacional sobre os termos da proposta. As últimas informações davam conta que o apoio total poderia ficar na faixa dos R$ 2 bilhões por empresa, com o pacote final de ajuda totalizando entre R$ 6 bilhões e R$ 7 bilhões, abaixo, portanto, dos quase R$ 10 bilhões aventados inicialmente. É medida de apoio setorial que, em segundo momento, poderia beneficiar companhias de menor porte.
 
No mercado há estimativas que a operação pode levar a uma diluição de cerca de 20% dos atuais acionistas em cada uma das três grandes empresas aéreas: Gol, Latam e Azul. Diante desse cenário, não há certeza no setor sobre a contratação das operações pois haveria o entendimento, entre as empresas, que a diluição seria acima do aceitável. “A adesão das empresas à proposta, nos termos extra-oficiais, está por um fio”, disse fonte ligada às companhias.
 
A questão é saber se mesmo não gostando dos termos da proposta as empresas aéreas brasileiras terão condições de encontrar alternativas de apoio financeiro no mercado internacional. Fonte do governo disse que o apoio ao setor aéreo é horizontal: trata-se de um único modelo a ser aplicado às três companhias. A última versão de proposta conhecida segue o desenho antecipado pelo Valor, em abril: emissão de debêntures simples pelas empresas a serem subscritas pelos bancos e, ao mesmo tempo, o lançamento de bônus de subscrição que daria aos detentores – os próprios bancos – o direito de entrar no capital das companhias. Esses bônus podem ser negociados no mercado secundário.
 
“Esse é o modelo sobre o qual vinha se trabalhando até a semana passada”, disse a fonte do governo. Segundo o interlocutor, haveria diferentes mecanismos para precificar o bônus de subscrição e, dependendo do preço considerado, a diluição dos atuais acionistas poderia ser maior ou menor.
 
A operação de socorro às companhias aéreas foi anunciada pelo presidente do BNDES, Gustavo Montezano, no fim de março e, na ocasião, o banco tinha expectativa de que fosse fechar o apoio em abril. Houve dificuldades nas negociações, pois a primeira alternativa considerada, que era a emissão de debêntures conversíveis em ações, poderia levar a diluições ainda maiores dos sócios das empresas aéreas, com o BNDES assumindo, eventualmente, o controle dessas companhias.
 
Fontes da indústria compararam a situação no Brasil com a dos EUA, onde o setor recebeu apoio de “bilhões de dólares”, sendo parte não reembolsável. Técnico do governo disse que o risco de diluição no caso brasileiro, se ocorrer, seria o preço a se pagar para poder organizar um plano de sobrevivência das empresas.