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Rui de Rosis mantém dinastia à frente da Câmara: 'Meu pai é a minha referência e a do Marcus'

Fonte: A Tribuna (11 de janeiro de 2019)

 
Em entrevista a A Tribuna On-Line, o emedebista fala sobre as perspectivas para o biênio a frente da Câmara de Santos. Além do desejo de encerrar com o papel dentro da Casa, transformando todos os processos em digitais, ele destaca a necessidade de municipalização do Porto de Santos e de trazer a população para perto do Legislativo.
 
Tudo isso, nas palavras de De Rosis, mantendo o legado recebido de seu pai e irmão. “Sem menosprezar a quem quer que seja, mas será difícil encontrar um Oswaldo ou um Marcus”, disse.
 
AT – Quais são as prioridades da Mesa Diretora para este biênio?
Rui de Rosis – A Mesa Diretora está se reunindo para discutir. Temos algumas prioridades para o nosso modo de administrar a Câmara. Conversei com a Audrey, com o Constantino, com o Boquinha e com o Zequinha. É a nossa primeira semana aqui (na presidência). Estamos mudando algumas coisas como a forma de trabalhar. Vamos fazer um trabalho digital. Eu quero, até o final desse ano, terminar com o papel na Câmara. Será tudo digital.
Nós queremos construir a Escola do Parlamento, que é muito importante. Precisamos ter um pensamento mais avançado. Temos a Câmara Jovem, queremos trazer a Câmara Universitária para que não seja só política. Queremos que o jovem entre aqui, fale da política e da administração da Casa. A Câmara de Santos tem um orçamento de R$ 90 milhões. É significativo. É algo que você tem que ter conhecimento e muita responsabilidade. Eu, graças a Deus, tenho um corpo jurídico, legislativo e administrativo que me dão um suporte muito grande para que eu possa dirigir a Câmara.
 
O meu principal objetivo é trazer a população para dentro do Legislativo. A população tem que entender – e uma parte entende, que esse é o único modo de mudarmos o País. Tem que discutir com o vereador, estar sempre atenta as votações. Eu sempre brinco que, às vezes, fico triste no plenário porque eu venho do futebol. Sempre fui jogador que joguei com casa cheia e, lamentavelmente, aqui está sempre vazia. Precisa ter uma representatividade maior porque nós só vamos mudar o Brasil, se nós tivermos políticos feitos nas Câmaras municipais. Hoje, a Câmara de Santos é de alto nível. Com certeza, da Baixada, é a que mais trabalha. Tenho certeza que é uma Câmara responsável e preparada.
 
AT – Nesta semana você recebeu a visita do presidente do Sindicato dos Estivadores, o Nei da Estiva…
De Rosis – Estivemos conversando sobre a descentralização (do Porto). Eu penso na municipalização do Porto. Quero que o Porto – e isso também é vontade dele, tenha um comando do Executivo, do Legislativo e de toda classe trabalhadora. Isso aqui é uma formação de décadas e décadas de famílias que construíram isso. Não podemos mais ficar a mercê de pessoas do Rio Grande do Norte, do Pará, do Rio de Janeiro, de Brasília. Temos gente muito capacitada aqui para que esse porto possa, cada vez mais, desenvolver. Nós precisamos de trabalho aqui em Santos. O presidente da República disse em seus depoimentos que nós teríamos a oportunidade de gerir os trabalhos Porto. Nós vamos cobrar. Não gostei do que o João Doria falou.
 
AT – O governador de São Paulo tem a intenção de privatizar o Porto…
De Rosis – Não gosto desse início. Ele tem que, primeiro, conhecer o que é Santos, conhecer o que é o Porto. Tem que vir conversar com as lideranças sindicais porque, essas sim, sempre representaram nossa cidade, nosso Porto. Temos que também saber se somos uma cidade portuária ou turística. As duas são incompatíveis. Lógico que o turismo está aí, existe a demanda, mas o Porto é o que mais necessita de um trabalho, de um desenvolvimento.
Olha o nosso Centro como está. Completamente abandonado. Quando o Porto trabalhava, esse Centro borbulhava de trabalho, de gente que vinha ao comércio. Hoje, o nosso comércio no Centro é o que mais me dói. Está completamente parado. Temos que voltar a revitalizar isso. Só com o trabalhador portuário e com outros trabalhos na nossa cidade é que vamos conseguir isso.
 
AT – O que os munícipes podem esperar do senhor como presidente da Câmara?
De Rosis – Aos mais antigos, que esperem o que o meu pai foi. Aos mais jovens, esperem o que o Marcus foi. Eu quero ser uma sequência deles.
 
AT – Um projeto que vinha sendo trabalhado pela Mesa Diretora anterior era o desenvolvimento da TV e rádio legislativas. O senhor dará prosseguimento a isso?
De Rosis – Particularmente, acho de suma importância para que a população esteja atenta as demandas e aos serviços do vereador. Mas essa é uma questão que quero discutir com toda a Câmara Municipal. Acho que o Legislativo tem que estar envolvido. Trazer soluções que tragam benefício a população. Esse é o principal objetivo quando assumimos a Mesa Diretora.
 
AT – Nas últimas sessões de 2018, diversos vereadores reclamaram do Executivo em relação ao empenho das emendas parlamentares. Como a Mesa Diretora pretende atuar junto a essa situação para que o dinheiro seja aplicado pelas secretarias e autarquias?
De Rosis – Eu não tive esses problemas porque adiantamos bem essa situação. Mas o vereador precisa tomar conhecimento do que é uma emenda parlamentar e o secretário, quando o vereador indicar a emenda, seja o mais rápido possível. Elas estão sendo brecadas nos departamentos jurídicos das secretarias. Precisamos de agilidade nisso para, quando o vereador indicar a emenda, ela seja empenhada o mais rápido possível.
Assim como os requerimentos. Estamos mudando. Faremos o caminho inverso. Da leitura irá para a presidência, da presidência ao DEALE (Departamento de Atividade Legislativa) e depois retorna. Com isso, coisa que demorava entre 20 e 30 dias, nós teremos um retorno em 15 dias, no máximo. Tudo para que as respostas sejam enviadas no menor tempo possível.
 
AT – Apesar de ser base do governo, o senhor adotou uma postura mais independente nos dois primeiros anos, por vezes, votando contra o governo, inclusive em relação ao reajuste dos servidores durante a maior paralisação da categoria. O que podemos esperar da relação entre Legislativo e Executivo na sua gestão?
De Rosis – Será da melhor forma possível. O Marcus sempre falava: “Somos harmônicos, mas independentes”. O prefeito (Paulo Alexandre Barbosa) me conhece muito bem, sabe da minha postura. Eu quero o bem da minha cidade e ele também o quer. Logicamente que, algumas votações, trazem problemas seríssimos. Mas procuro sempre seguir uma linha que traga os interesses da nossa cidade, do nosso povo e, principalmente, dos eleitores da cidade de Santos. Esses sim são os grandes representantes dos vereadores. É nesses que temos que estar atentos.
 
AT – O plenário da Câmara leva o nome do seu pai. Seu irmão foi presidente do Legislativo por quatro vezes. O que passa pela cabeça do senhor ao dar continuidade a esse legado?
De Rosis – É uma história que não sei se será repetida com tanta facilidade. Tenho muita responsabilidade. Entendo que é um caminho difícil. Sem menosprezar a quem quer que seja, mas será difícil encontrar um Oswaldo ou um Marcus.
 
AT – O senhor sente que é uma continuidade ao mandato do seu irmão que acabou sendo interrompido bruscamente pelo falecimento?
De Rosis – Jamais eu pensei que estaria conversando hoje com você como presidente da Câmara, como um dos vereadores mais votados. Isso é uma coisa difícil. Eu me emociono porque eu sei o quanto eles lutaram. As grandes decisões da cidade de Santos foram feitas na minha casa. Os grandes prefeitos saíram de dentro da minha casa. Ela sempre foi uma extensão do Legislativo. Depois do falecimento do meu pai veio o Marcus e continuou a mesma coisa. Não é fácil ser quatro vezes presidente dessa Casar. Ser presidente de um poder Legislativo onde 35% da riqueza nacional do teu País passa aqui às nossas portas. É de suma importância ser presidente de uma casa como essa. Mas me sinto preparado para buscar, para ajudar e para resolver todos esses problemas que vem vindo para cá.
 
AT – Mais de méio século de política que passou pela sua casa. Quais os principais ensinamentos que o senhor tirou tanto da convivência do seu pai quanto com seu irmão?
De Rosis – São tantas… meu pai era um homem muito rígido. Um homem do interior que veio para cá para trabalhar. Conheceu minha mãe, que também era muito rígida. Tinha uma visão trabalho e da honestidade. Então, para mim, foi a principal lição que ele me deu. E deu ao Marcus também. Ele teve a mesma educação que eu. Tanto é que ninguém é vereador numa cidade como essa, presidente quatro vezes desta Casa, se não tiver conhecimento e trabalho. Meu pai é a minha referência e a do Marcus.